Instinto velho,
Meu nariz é de cachorro
Diz que se não mato eu morro
Quando a saudade chover
Minhas lembranças
Sobre as terras de um agosto
Onde enterrei meu osso
Na esperança de nascer
Um pé de mim
Uma flor de manacá
Um grande jequitibá
Que tivesse força e vida
O solo é rico
E o amor é cultivado
Que será que deu errado
Que eu nem nasci ainda
Instinto velho,
Eu sempre vivi na roça
Sei que pernilongo coça
Mas a dúvida é pior
Quantas sementes
Jogarei no chão batido
Pra que o solo, arrependido,
Saiba me fazer melhor
Ainda assim
Muitas sementes já deixei
Outras eu nem expliquei
Quem se explica, vira réu
Porque o tempo
Agricultor do passado
Rezava chuva calado
Mas sabia olhar o céu