Para uns de nós, a vida é um espelho
Onde se reflete bem mais que um cabelo
A sorte está lançada, nem tudo é desespero
O sorriso dá de cara com o próprio medo
Qual é a verdade, este lado ou o de lá?
O outro universo nos arranca segredos
Quem bem sabe de si, quem mora em
pesadelos?
E quem esconde o rosto para não ter que
vê-lo?
Quem moldará o modo do molde do modelo?
Quem é que tem coragem de se encarar?
Para uns de nós, não vale o conselho
Que a gente se dá quando se fica velho
E os olhos nos olhos da menina do esguelho
Pecando de viés contra nosso evangelho
Quem foi que a gente é, um dia se saberá
Pra quem não arrisca ter os olhos vermelhos
Talvez veja disfarce, talvez veja a eu mesmo
No tempo da saudade, amanhã ainda é cedo
No retrato inverso, há um homem que não
veio
Dizer tudo o que vê quem não sabe enxergar